segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Fibromialgia segundo os britânicos

O principal objetivo deste blog é divulgar informações sobre fibromialgia, especialmente as publicadas em inglês por universidades e centros de pesquisas no exterior, às quais a maioria dos brasileiros não tem acesso pela barreira do idioma.

E este artigo que foi publicado em 29/10/2011 no MAIL ONLINE, a versão virtual do jornal britânico Dailymail, é um bom resumo do que já se sabe sobre a Fibromialgia:

Morte por milhares de agulhas. A condição debilitante que torna quem sofre dela muito sensível e com dores insuportáveis.


Trata-se de uma condição crônica que torna tão sensível quem a tem que mesmo o toque mais suave pode disparar ondas de dor insuportável. Acredita-se que a Fibromialgia afete um milhão de britânicos, normalmente mulheres acima dos 40, e os especialistas vincularam as sensações debilitantes a uma "morte por mil agulhas".

Outros sintomas incluem falta de concentração, perda de memória, dores de cabeça e rigidez muscular. E por um longo tempo havia muito pouco que os médicos pudessem fazer para aplacar a agonia. 

Ondas de dor insuportável: a fibromialgia é uma condição crônica que torna os portadores tão sensíveis que mesmo o toque mais suave pode dispará-la
Usando uma combinação de psicoterapia e medicamentos normalmente usados para tratar depressão e epilepsia, muitos do que sofrem com a doença conseguiram encontrar algum alívio. 

‘Os pacientes com fibromialgia geralmente têm o que chamamos de pontos sensíveis,’ explica o Dr Ernest Choy, consultor em reumatologia no Hospital King's College em Londres.

‘Há 18 pontos espalhados pelo corpo – no pescoço, nas costas, nos braços e nas pernas – onde, com pressão suave, eles sentem dor, enquanto um indivíduo normal não sentiria nada.

‘Além da dor, os pacientes geralmente se queixam de fadiga e baixa qualidade de sono. Depressão e dor crônica geralmente andam de mãos dadas – pois é muito difícil lidar com um desconforto extenuante todo santo dia.’

Não há um exame laborial específico para detectar a fibromialgia, então ela frequentemente é diagnosticada uma vez que outras condições, incluindo síndrome da fadiga crônica e artrite reumatóide, já tiverem sido descartadas.

O paciente tem que ter sofrido de dores espalhadas pelo corpo por pelo menos três meses, em ambos os lados do corpo, acima e abaixo da cintura, além de sentir dor em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis conhecidos quando forem pressionados.

Efeitos colaterais: Depressão e dor crônica geralmente andam de mãos dadas. É muito difícil lidar com um desconforto extenuante todo santo dia. 
‘Infelizmente, a fibromialgia não é bem compreendida pela maioria dos médicos porque a dor frequentemente é um sintoma muito subjetivo,’ conta o Dr Choy. 

‘De acordo com uma pesquisa européia, leva aproximadamente 18 meses a dois anos para receber um diagnóstico de fibromialgia. Ainda há muitos médicos que sequer conhecem esta condição.’ 

A causa exata desta condição é desconhecida, mas, de acordo com o Dr. Choy, as pesquisas evidenciaram que é mais provavelmente devido a um problema com o modo com que o sistema nervoso lida com a dor. 

‘Quando um indivíduo normal sente dor, existe no cérebro o que chamamos de processo de superação, que lida com ela,’ ele explica. ‘Em alguns pacientes com fibromialgia, este processo não está funcionando corretamente, então seu limiar de dor é muito mais baixo. 

‘Avanços recentes na avaliação da forma como o cérebro funciona, usando imagens de ressonância magnética funcional [fMRI], realmente mudaram nosso entendimento da doença.

‘Ficou claro que é o modo como o cérebro das pessoas com fibromialgia processa a dor que é diferente do modo que acontece com indivíduos normais.’

Existem certos fatores de risco que predispõem a desenvolver a doença.

‘Há evidências que demonstram que as pessoas que sofrem de estresse físico ou psicológico têm maior tendência a desenvolver a fibromialgia,’ diz o Dr Choy. 

‘Em alguns indivíduos pode ser que eles durmam muito mal, enquanto em outros pode ser que eles já tenham outras doenças, como a depressão.’

Não há cura, mas os tratamentos podem ajudar a aliviar os sintomas. Dr. Choy explica: ‘O objetivo do tratamento é ajudar os pacientes a lidar com sua condição.

Na maioria dos pacientes, usamos uma combinação de tratamentos não-medicamentosos, junto com medicamentos.

‘Os exercícios podem ajudar. Apesar de muitos pacientes sentirem suas dores piorarem quando começam, se eles forem aumentando gradualmente os exercícios, eles sentirão os benefícios a longo prazo.

‘Tomar banhos mornos ou se exercitar em água morna também pode aliviar a dor e a fadiga. A terapia comportamental cognitiva, um tipo de psicoterapia, pode ajudar a melhorar a habilidade dos pacientes a lidar com a dor.

‘Além disso, alguns analgésicos simples podem ajudar, e nós geralmente prescrevemos anti-depressivos principalmente porque as substâncias químicas no cérebro que controlam o processo da dor também são as mesmas que [quando ausentes] causam a depressão.

‘Mas elas são prescritas em uma dosagem muito mais baixas do que são usadas para tratar a depressão. Drogas usadas para tratar a epilepsia também têm se mostrado eficazes. Elas funcionam reajustando o sistema nervoso e reduzindo a sensibilidade a pressões suaves.’


A chave está numa mudança no estilo de vida: exercícios como natação ou tai-chi-chuan podem ajudar, mas os pacientes podem sentir um aumento na dor quando iniciam com as atividades físicas.
Uma paciente, Nicki Southwell, 53 anos, lidera um grupo de apoio a pacientes com fibromialgia. Nicki, uma professora que mora em Carlisle com seu marido Merlin, 51 anos, diz: ‘Meus sintomas começaram há cerca de seis anos atrás, quando minhas juntas de repente começaram a inchar e ficar muito doloridas. 

‘Ficou tão ruim que eu não conseguia subir as escadas. Fui finalmente diagnosticada no começo do ano passado, apesar de ninguém saber o que foi que causou isso. Enquanto isso, tive que parar de trabalhar como educadora.

‘E apesar de eu geralmente ser muito organizada, de repente não conseguia mais achar meu diário de chamadas e nem mesmo cuidar da casa. Eu me sentia totalmente sem controle e odiava isso. Em alguns momentos também sofri de depressão, mas eu não sei se foi por causa da fibromialgia.’

Já diagnosticada há mais de uma ano, Nicki dorme normalmente, mas acorda com dores lancinantes – principalmente nas costas e pernas. Sua memória de curto prazo ainda apresenta problemas e ela faz listas para ajudar. 

‘Eu tomo analgésicos e uso um aparelho de Estimulação Elétrica Transcutânea do Nervo [TENS] para alívio da dor, essa máquina dispara impulsos elétricos pelo corpo,’ ela conta. ‘Eu também fiz um curso de hidroterapia pelo serviço de saúde, que incluia exercícios em água morna, e foi genial.

‘Eu sei que alterações no meu estilo de vida são a chave, então vou tentar natação, tai-chi-chuan – qualquer coisa. Eu ainda tenho dias ruins, mas as coisas estão melhorando. 

‘Minha mensagem para outros pacientes que sofrem é para que sejam perseverantes para obter o diagnóstico e obterem tratamento. Não percam a esperança.’

Dr Choy diz: ‘O que funciona para um paciente pode não funcionar para outro. É importante lembrar que já há tratamentos disponíveis que podem ajudar a aliviar os sintomas. Acredito que o futuro parece promissor para os pacientes com fibromialgia.’

Aguente firme e mantenha viva a chama da esperança: existe luz no final deste escuro, doloroso, sofrido e longo túnel!